TEMPs TERCETOS ECLÉTICOS METRIFICADOS EM PORTUGUÊS
201- Misericórdia pedem
a Deus homens não ateus,
mas o que fazem não medem.
202- Tento substituir
apego por desapego
sem desamor se inserir.
203- São indeléveis as marcas
deixadas pelas pisadas
no povo, pelos monarcas.
204- Até quando foi possível,
sofri, porém reagi,
ao ver baixar o seu nível.
205- Você agiu tal e qual
um vândalo e o escândalo
repercutiu no jornal.
206- Impende considerar
vantagens e desvantagens
concernentes ao lugar.
207- Demóstenes, a gagueira,
venceu e se converteu
num orador de primeira.
208- Cheguei a elucubrar
um dia, mas me afligia
ver você não se esforçar.
209- Tempo para transcender
achei, porque procurei
renovação do meu ser.
210- Não me interessa a lição
do justo a qualquer custo.
Quero só ponderação.
211- A decisão viciada,
error do órgão prolator,
pode resultar em nada.
212- Gostaria de injetar
juízo, que é preciso,
na mente que duvidar.
213- Minhoca, do seu pomar,
esconda, pois anaconda
ela pode se tornar.
214- Viagem completa
já fiz de Roma a Paris,
numa bicicleta.
215- Remédio que traz
bondade na adversidade,
é leitura em paz.
216- Juíza aturdida
foi tensa numa sentença
com frase enrustida.
217- Até o desatinado
obtém, quando lhe convém,
favor desarrazoado.
218- O juiz não discerniu
os atos mais insensatos
e a erros me induziu.
219- Covardia sem decência,
gigante e repugnante,
atingiu-me em audiência.
220- Maldade escancarada
não faz meu perfil de paz
na sentença subornada.
221- Até o psicopata
precisa, diz a juíza,
implantar sua bravata.
222- Fecundo escritor:
Machado, cognominado
“gênio prosador.”
223- Sentença mefistofélica:
rajadas e saraivadas
sinalizam ação bélica.
224- Furiosos ventos
nos cegam e até carregam
nossos alimentos.
225- A hasta pública foi
surpresa para a empresa
que arrematou o boi.
226- Grande perdulário,
banqueiro matreiro,
estelionatário.
227- Não deixei de ter
estima pela esgrima,
bárbaro lazer.
228- De tudo nos despedimos
na hora de ir embora,
que chega quando partimos.
229- Café, assim diz o povo,
não serve quando ele ferve,
e só presta se é novo.
230- A tela do monitor
repassa coisa sem graça,
à guisa de bom humor.
231- Na rua em polvorosa,
eu vi o velho gari
varrer de forma jocosa.
232- A televisão desgasta
valores superiores
da maneira mais nefasta.
233- A vida é incompleta,
estreita e imperfeita
até para o asceta.
234- No percurso linear,
o harpista maratonista
correu sem se fatigar.
235- Se não existisse ação
capaz de tolher a paz,
todos teriam razão.
236- Só pretende difamar
quem tem tempo e também
gosta do que é vulgar.
237- O histrião faz com jeito
mazelas e quer que elas
mereçam todo o respeito.
238- Se temos que acatar
os gestos dos desonestos,
que atos vamos louvar?
239- Na minha barca à deriva,
correntes tão persistentes
deixaram-me pensativa.
240- Por inóspitos lugares,
andei distante da lei,
respirando novos ares.
241- Aquietei-me e quis
parar para perscrutar
o meu íntimo infeliz.
242- Quem se apega às ilusões,
na certa não se liberta
das mais profanas visões.
243- Com a força da vontade
tentei e aprisionei
até a minha saudade.
244- Desejo exerce poder
enquanto dura o encanto
e o bem prevalecer.
245- A coisa evanescente
atrai o olhar, mas trai
a natureza da gente.
246- Se queres a liberdade
desvia o olhar da via
que te enreda na maldade.
247- Não seca o manancial
que verte na pedra inerte
a água medicinal.
248- As leis anacrônicas,
injustas às nossas custas,
morrem antagônicas.
249- Obscenas lições
tramaram e me passaram
juízes vilões.
250- Um par de histriões
burlou, pois acobertou
suas perversões.
Marian Battistella Pacelli
Enviado por Marian Battistella Pacelli em 07/10/2023