TEMPs TERCETOS ECLÉTICOS METRIFICADOS EM PORTUGUÊS
415- Incompreendido,
o pobre só vê no nobre
poder do partido.
416- Valor unitário
incluo no que possuo
em meu relicário.
417- Aqui onde moro,
cultivo interesse vivo,
canto e também oro.
418- Dos vossos defeitos
sabeis, porém, pretendeis
ter filhos perfeitos.
419- Fogo tremulante
à beira duma fogueira:
é sol causticante.
420- Assalto frequente,
instância da ganância,
vem de delinquente.
421- Fui à Palestina,
local com manancial
d’água cristalina.
422- Dizem as matérias
que sal demais nos faz mal,
forçando as artérias.
423- Questões pessoais
têm fases comuns com bases
emocionais.
424- Relâmpagos duram
frações, mas nos dão lições
da luz que asseguram.
425- No vinho, o segredo:
tomei e experimentei
sensação de medo.
426- Canções do porvir:
quimeras, sons das esferas…
posso discernir.
427- Na reunião,
ouvi meu nome e saí,
sem motivação.
428- O que pensa Deus
se não ouve a pretensão
de crentes e ateus?
429- Rósea nuance,
tingindo um cinza infindo.
Olhei de relance.
430- A astúcia dança,
confia e tripudia
e só quer festança.
431- A insensatez
reside em bruto revide
de quem perde a vez.
432- Inexiste fé
na mente de um ser demente
que atira no pé.
433- Brotam assertivas
verdades das faculdades,
quando cognitivas.
434- Autêntica falta
de senso é o que penso
de quem só se exalta.
435- Astúcia primária
é norma que enquadra a forma
da ação ordinária.
436- Se for requintada,
a astúcia torna a versúcia
privilegiada.
437- Melindrar-se ajuda
farsante a usar desplante
de gente graúda.
438- Respirando o sal
do ar que vem de além-mar,
vive o animal.
439- Sereno passeio
farei e me alegrarei
por não ter rodeio.
440- Quem pode extirpar
do mundo o que é imundo
purifica o ar.
441- Distância imensa
resvala entre o que se fala
e o que se pensa.
442- Da parte de pai,
herdei o que hoje sei:
escrever haicai.
443- As dissoluções
dos laços geram fracassos
por contradições.
444- Cruéis, antipáticos,
brutais contra os animais,
são os asiáticos.
445- Quem vai à Espanha,
e assiste a tourada triste,
tem mente tacanha.
446- Real matadouro,
a arena, onde se ordena
a morte do touro.
447- Coração liberto
de fúteis dramas inúteis
pulsa mais esperto.
448- O governo mente,
mas bancos nunca são francos,
e lesam a gente.
449- Homem avarento
conhece pouco de prece
e de sentimento.
450- Espírito fraco
revela o tagarela
que fuma tabaco.
451- Só coisa indigesta
havia como iguaria
servida na festa.
452- Desqualificado,
o mestre, aquele bimestre,
foi exonerado.
453- Se pão é legal,
vou ter que compreender
que glúten faz mal.
454- Falsificadores
de ajustes fazem embustes
que são sedutores.
455- Até o bandido,
faminto pelo instinto,
tem de ser nutrido.
456- Nem toda criança
tem medo de um brinquedo
se não o alcança.
457- Certas palavrinhas,
assim como “não” e “sim”,
só têm três letrinhas.
458- Por veleidades,
juízes bem infelizes
deformam verdades.
459- Meus pais trabalharam.
Depois, sardinhas, os dois,
juntos, petiscaram.
460- Quem linhas estuda,
amplia a caligrafia
de letra miúda.
461- Extraí lição
perene sobre higiene
da respiração.
462- Não sei se a pena
valeu para o ateu
que matou Helena.
463- Vou dormir contente:
mas, quando estiver sonhando,
serei reticente.
464- Sempre reparei
na afronta de gente pronta
a burlar a lei.
465- Se você revir
imagens das reportagens,
vai se deprimir.
Marian Battistella Pacelli
Enviado por Marian Battistella Pacelli em 07/10/2023